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Justiça

"Zambelli quer se apresentar às autoridades italianas, não quer ficar escondida'" diz advogado

Fabio Pagnozzi afirma que deputada precisaria ar pelo devido processo legal antes de uma possível extradição

Advogado da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), Fabio Pagnozzi afirmou neste sábado que a parlamentar deseja se apresentar às autoridades italianas na semana que vem, após a entrega de uma manifestação da defesa ao Ministério da Justiça do país.

Zambelli foi condenada em maio a dez anos de prisão e à perda de mandato por invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica, devido à invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

— A deputada é procurada pela Interpol para uma prisão para fins de extradição. Ela não é procurada pela polícia italiana por um crime no país em que ela está. Existe a possibilidade dela ser presa na Itália, mas para isso acontecer cabe ao país aceitar. Não apenas o Ministério da Justiça do Brasil pedir — diz Pagnozzi.

— Existe um devido processo legal a ser cumprido antes de uma extradição. O acordo bilateral brasileiro com a Itália não é para todos os crimes, por exemplo. A deputada não quer ficar foragida. Tem a vontade de se apresentar às autoridades italianas na semana que vem, depois que protocolado o recurso. Ela não quer ficar escondida — completou.

Na sexta-feira, o embaixador do Brasil em Roma, Renato Mosca, afirmou que há uma “mobilização” da polícia italiana para prender a deputada, que fugiu para o país após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em entrevista ao Globo, o diplomata brasileiro disse que o país europeu tem um “compromisso com a Interpol de efetuar a prisão”.

— A polícia italiana já se empenha não somente por reciprocidade diplomática, mas porque ela tem um compromisso com a Interpol de efetuar a prisão, de acordo com a solicitação de inclusão do nome da deputada na difusão vermelha. Isso é realizado em todos os casos, com todos os países — afirmou o diplomata.

Zambelli também tem cidadania italiana e declarou antes de ir ao país acreditar que não poderia ser presa por esse motivo. Mosca afirmou haver indícios de que ela não saiu da região metropolitana de Roma, capital italiana, mas disse que a polícia do país ainda não sabe o paradeiro da deputada.

O embaixador brasileiro disse que, nos contatos que tem tido com autoridades italianas, não viu qualquer rejeição sobre o pedido de extradição feito pelo Brasil.

Mosca enfatizou que, neste primeiro momento há um processo sendo examinado sob o ponto de vista técnico, que será submetido à Justiça.

— Não vejo nenhum tipo de movimento no sentido de que uma pessoa que está foragida, condenada com amplo direito de defesa, condenada por um crime comum, seja protegida pela nacionalidade. Não tenho essa preocupação. Nossa cooperação é profunda, histórica. Temos uma tradição de cooperação, o nosso tratado de extradição data do início dos anos 1990, são mais de 30 anos. Não é algo que nós vamos começar com a deputada — disse o embaixador.

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