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POLÍTICA

PGR pediu prisão de Cid em investigação sobre aporte após saída de familiares rumo aos EUA

Paulo Gonet considerou que viagem reforçou risco de fuga, que já vinha sendo investigado

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a prisão preventiva do tenente-coronel Mauro Cid no âmbito de uma investigação que apura uma suposta tentativa de fuga dele do país. Cid é réu na ação da trama golpista, e firmou um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal.

De acordo com documento obtido pelo Globo, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, representou pela decretação da prisão preventiva de Cid após a PF informar que quatro familiares de Cid deixaram o Brasil rumo aos Estados Unidos.

Segundo a PGR, a informação reforça uma possibilidade que vinha sendo apurada pelos investigadores de que Cid e Gilson Machado — que foi alvo de um mandado de prisão nesta sexta-feira — vinham buscando formas de fazer com que Cid saísse do país, conforme noticiou O Globo
 



Na manifestação em que pediu a prisão preventiva de Cid e de Gilson Machado, a PGR apontou que a proximidade do fim da análise do mérito da ação penal da trama golpista fazia com que fosse necessária a adoção de medidas mais duras, com o objetivo de garantir o cumprimento da lei.

Suspeita de obstrução
A Polícia Federal suspeita que o ex-ministro Gilson Machado Neto, preso nesta sexta-feira, atuou em maio deste ano para tentar obter um aporte português para o tenente-coronel Mauro Cid e facilitar uma possível saída do país. A medida foi interpretada como uma possível tentativa de atrapalhar o andamento da ação penal da trama golpista, já que Cid é um dos réus. A Procuradoria-Geral da República (PGR) concordou com a suspeita e defendeu a abertura de uma investigação.

A PF reuniu indícios de que Gilson procurou o Consulado de Portugal em Recife, onde mora, para conseguir o aporte de Cid, mas não teve sucesso. Houve a suspeita, contudo, de que ele poderia procurar outras embaixadas ou consulados com o mesmo objetivo, para que o tenente-coronel deixe o país.

A PGR considera que há "elemento sugestivos" de que Machado Neto atuou para atrapalhar o andamento da ação pena, e apontou que a atitude poderia configurar obstrução de investigação e favorecimento pessoal e defendeu a abertura de uma investigação.

"(As informações da PF) apresentam elementos sugestivos de que o Sr. Gilson Machado Guimarães Neto, que exerceu o cargo de Ministro de Estado do Turismo durante a gestão do então Presidente da República Jair Messias Bolsonaro, esteja atuando para obstruir a instrução da Ação Penal n. 2.688/DF e das demais investigações que seguem em curso", escreveu o procurador-geral da República, Paulo Gonet, em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Para Gonet, essa atuação ocorreu "possivelmente para viabilizar a evasão do país do réu Mauro Cesar Barbosa Cid, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, tendo em vista a proximidade do encerramento da instrução processual".

A ação penal 2.668 analisa uma suposta tentativa de golpe de Estado e tem Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entre os réus.

Procurado na terça-feira, Machado negou que tivesse procurado o consulado em busca de um benefício para Cid.

— Estou surpreso. Nunca fui atrás de nada a respeito de Mauro Cid. Tratei do aporte para o meu pai — afirmou o ex-ministro.

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