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Justiça

Comandantes militares fizeram "escalinha" para visitar Bolsonaro após derrota, diz Paulo Sérgio

Em depoimento ao STF, ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira afirmou que Bolsonaro ficou 'depressivo' após perder para as eleições, motivo que o levou a ficar preocupado com sua saúde

O ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, afirmou nesta terça-feira (10) em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou sinais de abatimento profundo após ser derrotado nas eleições de 2022.

Segundo o general, a condição emocional de Bolsonaro o preocupou a ponto de motivar uma mobilização entre os comandos militares para oferecer apoio ao então presidente.

Nogueira relatou que, diante do quadro, sugeriu aos três comandantes das Forças Armadas — Exército, Marinha e Aeronáutica — que revezassem visitas ao Palácio da Alvorada com o objetivo de confortar Bolsonaro e ajudá-lo a superar o momento de crise.

— Uns vinte dias depois [das eleições], estive vendo o presidente. Ele ficou realmente abatido, pesaroso, depressivo e doente. Eu me preocupei com a saúde do presidente — declarou o general.

— Eu ia para lá, o [tenente-coronel e ajudante de ordens Mauro] Cid dizia: “Quando vocês vêm aqui, ele se sente bem”.

Segundo o ex-ministro, após essa conversa com o então ajudante de ordens de Bolsonaro, foi montada uma espécie de escala informal para as visitas.

— Tratei com os três comandantes e disse assim: “Façam uma escalinha: um vai um dia, o outro vai no dia seguinte...”. A ideia era melhorar o visual do presidente. Os três iam lá para conversar, e ele desabafava. Nos primeiros 15 dias, era como se fosse um velório. Depois é que ele começou a melhorar — relatou.

A declaração foi dada após questionamento do ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações que apuram a existência de uma organização criminosa voltada para tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Moraes questionou Paulo Sérgio se ele havia convocado os três comandantes das Forças e se houve qualquer menção a um possível decreto de Estado de Sítio entre os dias 7 e 14 de dezembro de 2022.

Paulo Sérgio Nogueira é o sétimo réu a depor no âmbito do inquérito que investiga uma suposta trama golpista ligada ao entorno de Bolsonaro.

Ainda resta o depoimento do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e candidato a vice na chapa derrotada de 2022.

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