PM diz que matou Yana Moura, em 2013, porque foi traído e "virou chacota" em Ouricuri, no Sertão
Dário está sendo julgado no Fórum de Paulista
Foi com semblante sério e intimidador que o capitão da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) Dário Angelo Lucas da Silva, de 51 anos, começou a falar no julgamento que acontece nesta quinta-feira (12), no Fórum de Paulista, na Região Metropolitana do Recife.
Ele é réu confesso por matar a empresária Yana Moura, em 2 de janeiro de 2013, no apartamento da mãe dele. Disse que não responderia aos questionamentos do Ministério Público de Pernambuco.
Durante depoimento, Dário afirmou que assassinou Yana porque teria sido traído por ela e que teria virado motivo de chacota em Ouricuri, no Sertão de Pernambuco, onde moravam juntos, há 4 anos.
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“Em 24 de dezembro de 2012, fui informado por uma pessoa que Yana estava se envolvendo com um rapaz na cidade, chamado por Reizinho. Eu perguntei. Ela disse que tentou beijá-lo, mas não conseguiu. Eu disse que nossa relação chegou a um ponto insustentável. Fui arrumar minhas roupas para ir embora”, afirmou.
Ela teria, ainda segundo Dário, o chamado para conversar e pediu para que ele tirasse uma arma calibre 12 de dentro do quarto.
“Eu só não quero que você fale para meu avô, porque ele lhe tem como filho. Ele pode entrar numa depressão e sofrer muito, se você contar para ele”, contou ainda o PM, alegando ainda que Yana teria o traído com outros dois homens.
Dinâmica do júri
O julgamento é presidido pelo juiz de direito Thiago Fernandes Cintra. O Ministério Público é representado pelos promotores de justiça Liana Menezes Santos e Ademilton das Virgens Carvalho Leitão. Dário está sendo julgado por homicídio qualificado por motivo fútil e pelo emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
Durante a sessão, está sendo ouvido o depoimento de uma testemunha, a pedido do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). que é a mãe da vítima.
Ainda haverá a oitiva de uma outra testemunhas, a pedido da defesa de Dário. A princípio, seriam quatro, mas uma morreu e duas moram em outras cidades e não conseguiram participar. Estão presentes sete jurados, sendo quatro mulheres e três homens.
Por que crime não será julgado como feminicídio?
De acordo com a promotora de justiça Liana Menezes Santos, na época do crime, ainda não existia a qualificadora ‘feminicídio’, que ou a vigorar em 2015.
A tipificação é dada ao crime de ódio cometido contra a mulher, em situação de violência doméstica ou familiar, somente pela condição de ela ser mulher.
“A prova do processo é a mesma. O crime é o mesmo, só não tem a tipificação com esse nome. As provas do processo são totalmente de autoria e materialidade ligadas às qualificadoras que estão sendo imputadas ao acusado. O que a gente tem é uma execução muito bem fria e calculada do acusado, em relação a ela”, explicou ela, expondo, inclusive, que ele a matou com a arma da corporação.
Segundo Liana, o réu pode pegar pena de 12 a 30 anos de prisão, a depender do andamento dos trabalhos e da avaliação do juiz.