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AVIAÇÃO

Índia determina inspeção urgente de todos os Boeing 787 do país após acidente com 279 mortos

Até o momento, aviões não foram retirados de operação, mas fonte ouvida pela agência Reuters afirmou que governo considera essa possibilidade

O governo da Índia ordenou neste sábado uma inspeção emergencial em todos os aviões Boeing 787 operando no país, após o acidente com uma aeronave da Air India ocorrido na última quinta-feira, em Ahmedabad, no noroeste do país.

Segundo as autoridades locais, o número de mortos subiu para 279. O ministro da Aviação Civil, Ram Mohan Naidu, afirmou que a medida tem caráter imediato e visa ampliar a vigilância sobre os modelos em operação.

— Emitimos ordem para uma fiscalização ampliada das aeronaves Boeing 787. Temos 34 desses aviões na frota indiana. Oito já foram inspecionados, e as demais verificações serão feitas com máxima urgência — disse o ministro, em entrevista coletiva em Nova Délhi.

 

A Air India opera 33 aviões do modelo 787 Dreamliner. A companhia IndiGo, principal concorrente no setor, possui uma aeronave do mesmo tipo, de acordo com dados do site de rastreamento Flightradar24. Até o momento, os aviões não foram retirados de operação, mas uma fonte ouvida pela agência Reuters afirmou que o governo considera essa possibilidade.

Ainda segundo Naidu, o governo vai investigar “todas as possíveis causas” do acidente. As linhas de apuração incluem falhas no sistema de propulsão, nos flaps e o motivo pelo qual o trem de pouso permaneceu aberto durante a decolagem e depois na descida da aeronave.

Tragédia mancha reputação da Air India
O desastre representou um duro golpe para a Air India, que tenta reconstruir sua imagem e renovar sua frota desde que foi adquirida pelo Grupo Tata, em 2022. Durante anos, a companhia esteve sob controle estatal.

A aeronave transportava 242 pessoas entre ageiros e tripulantes. Apenas um sobrevivente foi localizado. A maioria das vítimas morreu na queda, quando o avião colidiu com um prédio residencial de uma faculdade de medicina.

Fontes da Polícia informaram à agência AFP que o número de mortos chega a 279. Outras estimativas, divulgadas sob condição de anonimato à agência EFE, indicam um intervalo entre 274 e 279 vítimas. Entre os mortos estão ageiros, tripulantes e moradores do edifício atingido. No entanto, as autoridades afirmam que o número oficial só será divulgado após a conclusão dos testes de DNA.

Angústia entre familiares
Do lado de fora de um hospital em Ahmedabad, dezenas de familiares esperam pela liberação dos corpos. Médicos trabalham para recolher amostras dentárias das vítimas carbonizadas, com o objetivo de confirmar as identidades por meio de análises forenses.

— Perdemos nossos filhos [...] não entendemos o que aconteceu. Por favor, nos ajudem a saber quando os corpos serão entregues — pediu Rafiq Abdul Hafiz Memon, que perdeu quatro parentes na tragédia.

Outro parente, Harshad Patel, demonstrou frustração ao relatar que ainda não recebeu o corpo do filho. Segundo ele, as autoridades informaram que os testes de DNA podem levar até 72 horas.

— Eles estão tentando ajudar, mas nossa paciência está se esgotando — afirmou.

Segundo o dentista forense Jaishankar Pillai, até esta sexta-feira, já haviam sido coletados registros dentários de 135 vítimas, que serão comparados com exames clínicos, radiografias e prontuários médicos para identificação.

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